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Nós quem cara pálida?

Reza a anedota que Zorro (o cavaleiro solitário) e Tonto encontravam-se cercados por índios hostis, a quem Zorro fala: Nós estamos ferrados Tonto… então seu “amigo” pergunta: nós quem cara pálida?

As mobilizações nas ruas causaram surpresa aos próprios brasileiros, pela quantidade e pela libertação do grito preso na garganta quanto as indignações de todo o santo dia. Nas ruas as pessoas começaram a discutir sobre aumento de passagens, políticos corruptos, injustiça social, como 2013074352deppse saíssem de uma caverna escura e fria e descobrindo que podem ter um lugar ao sol. Não que fosse alguma descoberta aquilo sobre o que protestavam.

Tudo o que se fala são coisas que se vivenciam, pelas suas consequências no dia a dia, seja rezando para não morrer antes de ser atendido no SUS, seja na condução lata de sardinha, seja no político eleito que morava em casa alugada, mas depois de alguns anos de mandato possui fazendas e mansões.

Mas como garantir que esse grito resulte em algo mais que mero paliativo cala a boca acrescido de novelas e demais ilusões carnavalescas? Quando chegará nossa quarta-feira de cinzas?

Como manter o ânimo num país onde a compreensão plena do que se lê fica apenas com ¼ da população? Onde não ensinam que a forma de mudar a política é saber sobre política? Ou onde temos nosso famoso jeitinho brasileiro?

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É preciso que os novos catalisadores sociais consigam municiar de informação, como os antigos (partidos de “esquerda” e entidades de base) não conseguiram. Pois quem esquece da base pra manter-se no poder torna-se inimigo natural daqueles a quem deveriam defender.

Somos uma democracia muito nova, com pouco mais de trinta anos de eleições diretas em alguns pleitos e menos de 25 em eleições presidenciais (já tivemos outras eleições presidenciais diretas, mas refiro-me após a abertura), a própria formação partidária no Brasil tem histórico irascível, ainda temos degraus a avançar.

Agora não basta apenas saber da dor, mas saber onde e porque dói é fundamental, senão corremos o risco de que os que se conformam olhem para os que resistem e digam: Nós quem cara pálida?