Queimadas, desmatamento. Não estamos falando da Amazônia, mas do Cerrado. Segundo maior bioma de fauna, flora, rios e solo do Brasil.
São mais de dois milhões de quilômetros quadrados, em 12 estados. Só entre 2002 e 2008, foram destruídos 127 quilômetros quadrados de vegetação, a média de 21 mil quilômetros quadrados de desmatamento por ano, mais do que o dobro da devastação estimada para a Amazônia nesse ano.
No total, 48% do Cerrado já foram desmatados para dar lugar a plantações, pastagens e carvoarias. Resultado: a emissão de gás carbônico, que provoca o efeito estufa, causa do aquecimento global, é de 350 toneladas por ano, o mesmo tanto que as queimadas na Amazônia lançam na atmosfera.
A devastação, que se concentrava no centro-sul da região, agora avança mais rápido em estados como Maranhão e Bahia e atinge matas às margens dos rios. O que é particularmente preocupante. O centro-oeste é considerado o berço das principais bacias hidrográficas do país, como a da Amazônia, do São Francisco, do Tocantins e do Prata.
Os dados mais recentes, que mostram a devastação acelerada do Cerrado, levaram o governo a apresentar um plano de ação, nos mesmos moldes do que é feito na Amazônia. Vai monitorar o bioma por satélite, aumentar a fiscalização e criar novas unidades de conservação.
Mas a questão é: o governo vai conseguir mesmo fazer isso? “A resistência a essas medidas serão maiores que na Amazônia. Porque aí está concentrado uma parte importante do agronegócio brasileiro”, afirma o Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc.
Fonte: Jornal da Globo