Para quem ainda acredita que nada vai mudar no papel dos gêneros na sociedade apesar da eleição inédita de uma mulher a presidência da República, uma informação: as transformações são reais e ficarão evidentes de uma forma simbólica na posse do dia 1º, em Brasília.
À frente do Rolls Royce onde estará Dilma Rousseff, seis batedoras da Polícia Rodoviária Federal, escolhidas pela experiência e habilidade, terão a honra de ser o abre-alas oficial do desfile presidencial pela Esplanada dos Ministérios.
A opção de motociclistas mulheres foi feita pela Polícia Rodoviária Federal como uma homenagem à presidente. “É uma forma de despertar o interesse das pessoas e mostrar que mulher também sabe e pode fazer essa função sempre vista como masculina”, diz o inspetor Heleno, um sujeito simpático, com 28 anos de motociclismo, encarregado de treinar moças e rapazes interessados nessa divisão especial. Chefe do núcleo de motociclismo da PRF, tem fama de não aliviar no treinamento delas e acrescenta um dado interessante sobre a participação das mulheres. “Elas pegam mais rápido minúcias do treinamento, mostram-se sempre habilidosas”.
Quando entrou para a PRF, há 15 anos, a policial Ana Maria de Mello (a última, ao fundo, na foto), 46 anos, que estará no comando das batedoras na posse, era uma exceção. Era a única mulher na escolta do presidente Fernando Henrique, por exemplo. Com um sorriso enigmático, ela parece voltar no tempo antes de dizer “…foi difícil, viu?”.
As moças, cujas idades variam de 30 a 47 anos, caíram nas graças da nova mandatária do país pela competência e seriedade. Avessas à exposição pessoal, agora sabem que não tem jeito. Viraram alvo de reportagens e já são até paradas na rua, numa demonstração prática, ainda que não científica, da influência que a eleição de Dilma – e o consequente destaque dado a mulheres em várias profissões – pode exercer no debate sobre o papel de homens e mulheres na sociedade.
Fonte: Revista Época