Sem experiência anterior, ela encarou uma dura campanha eleitoral. E saiu consagrada com os mais de 55 milhões de votos que a tornaram a primeira mulher escolhida para assumir a Presidência do Brasil. Nenhum brasileiro, em 2010, foi tão observado, teve a vida tão perscrutada, as ideias e intenções tão esmiuçadas, os nervos tão publicamente testados. Também nenhum brasileiro se dedicou mais a conseguir adesões, conquistar confiança e convencer pessoas. O ano de 2010 teve a cara de Dilma Rousseff.
Nos quatro meses da campanha eleitoral que a levou à Presidência da República com mais de 55 milhões de votos, Dilma fez 55 viagens, por 35 vezes arrastou multidões em caminhadas e carreatas pelo País, concedeu 117 entrevistas, subiu em 28 palanques para discursar, participou de 61 encontros com representantes de algum setor da sociedade e ainda enfrentou nove debates – alguns ferozes – com adversários. O tamanho da exposição pública certamente correspondeu ao tamanho da gana de exercer uma função pública. Mas nem sempre esse equilíbrio entre vontades e exigências serviu de consolo na rotina pesada dos compromissos. Dilma, esgotada ao final do primeiro turno, por várias vezes se queixou a assessores do ritmo e do ardor “desumanos” da campanha. Mas seguiu jogando o jogo.