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Estudos confirmam: A atual década foi a mais quente de de que se tem registro (COP 15)

O segundo dia da Conferência das Nações Unidas sobre o Clima foi marcado pela divulgação de estudos mostrando que a década atual foi até agora a mais quente de que se tem registro. A cúpula, que conta com representantes de 192 países, se estende até o próximo dia 18. O objetivo é traçar um acordo global para definir o que será feito para reduzir as emissões de gases de efeito estufa após 2012, quando termina o primeiro período de compromisso do Protocolo de Kyoto.

Nesta terça-feira, um dos palestrantes de maior destaque foi o secretário-geral da Organização Mundial de Meteorologia (OMM), Michel Jarrud. Ele garantiu que o planeta está sofrendo um rápido aquecimento desde a década de 1970 e que se acentuou nos últimos anos. “Nós estamos em uma tendência de aquecimento – não temos nenhuma dúvida sobre isso”, disse.

Os dados apresentados pela OMM são muito semelhantes aos do escritório britânico de meteorologia, o Met Office, que confirmam a década de 2000-09 como a mais quente já registrada. A década do ano 2000 superou em 0,40°C a média de 1961-1990, de 14°C.

Outro estudo apresentado na cúpula, da Organização Internacional para a Migração (OIM), mostrou que a mudança climática deve levar até 1 bilhão de pessoas a deixarem suas casas nas próximas quatro décadas. O texto alerta que poucos “refugiados climáticos” têm condições de deixar seus países para tentar a vida em lugares mais ricos. O que ocorre, na verdade, é que eles se deslocam para cidades já super populosas, aumentando a pressão sobre países pobres.

O secretário-geral da COP-15, Yvo de Boer, disse em seu discurso desta terça que as empresas americanas deveriam desejar um acordo internacional em Copenhague, depois da decisão de seu país de autorizar a regulação dos gases-estufa. “Se eu fosse empresário, diria: ‘por favor, por favor, cheguem a um acordo em Copenhague, um acordo que esteja baseado no mercado do carbono”, ironizou De Boer, durante uma coletiva de imprensa.

“Se não conseguirmos um acordo aqui e se o Senado não conseguir adotar a Lei do Clima, a única opção será a regulação e todos nós sabemos que é muito mais caro e será muito menos eficaz para o mercado”, acrescentou. Ele declarou ainda que os projetos para reduzir a emissão de gases que provocam o efeito estufa, financiados com dinheiro público das nações ricas, também devem servir aos grandes países em desenvolvimento, como o Brasil, a China e a Índia. “O dinheiro deve ser focado em projetos em todos os países pobres e em desenvolvimento. Os grandes países também devem ter acesso, mas isso vai depender de cada projeto apresentado”, afirmou durante entrevista coletiva no segundo dia da conferência.

Em acordo com as declarações de De Boer, mas ainda sem anunciar apoio financeiro, a chefe da Agência Americana de Proteção Ambiental, Lisa Jackson, garantiu, em evento patrocinado pelo Brasil para analisar o impacto dos biocombustíveis na emissão de gases do efeito estufa, que os Estados Unidos têm interesse em uma parceria estratégica com o Brasil no setor. “Brasil e Estados Unidos juntos podem trabalhar para o desenvolvimento desse tipo de energia, que protege o meio ambiente”, disse Lisa.

Embora longe de Copenhague, foi levantada hoje a hipótese de fracasso da Conferência do Clima pelo diretor da Agência Internacional da Energia (AIE), Nobuo Tanaka. Segundo ele, isso custaria US$ 500 bilhões ao ano à economia mundial. “Se não forem tomadas medidas imediatamente para reduzir as emissões de dióxido de carbono, serão necessários US$ 500 bilhões ao ano de investimentos adicionais para recuperar o tempo perdido e voltar à trajetória inicial”, disse Tanaka, na apresentação de um relatório em Paris sobre energias renováveis.

De volta à cúpula, o presidente do IPCC, Rajendra Pachauri, voltou a falar sobre o chamado “Climagate”, um escândalo relacionado com o roubo de e-mails da prestigiosa universidade britânica de Anglia Oriental sobre a mudança climática, que levantou uma onda de suspeitas na cúpula da ONU realizada em Copenhague.

Altos cargos das Nações Unidas temem que fique desprestigiado o prolixo relatório elaborado pelo grupo do Painel Intergovernamental de Analistas sobre a Mudança Climática (IPCC) em 2007 sobre as consequências do aquecimento global para o planeta, à luz da informação divulgada nessas mensagens eletrônicas. O presidente do IPCC, Rajendra Pachauri, afirmou hoje que esse organismo “não averiguará, mas analisará” o conteúdo dos e-mails “roubados” por um hacker e um cientista britânico.

Fonte: Terra.com

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