Olá pessoal do Blogando Noticias, vendo essa pesquisa do IPEA, resolvi fazer um breve comentário sobre ela (lembrando que sou um eterno contrário ao chamado “politicamente correto”).
Anda-se falando muito da pesquisa do IPEA que revelou que 65% dos entrevistados consideram que a mulher “se mal vestida”, digamos assim, “merece ser estuprada”. Vamos com calma, faremos uma análise dessa pesquisa e dessa noticia inteira.
Primeiro, achei interessante quando vi numa página do Facebook a pergunta “Como se faz uma pesquisa perguntando se ‘uma mulher merece ser estuprada‘?” É de se perguntar mesmo. Uma pesquisa realmente séria faria uma pergunta como essas? A pergunta é em si ultrajante e antiética, e falando sério, está muito longe de cenários globais como Índia e países do Oriente médio, aonde as mulheres são usadas, e no caso hindu, elas são estupradas e corriqueiramente os policiais culpam as mulheres, e os estupradores não sofrem nada.
Repito, na Índia casos assim são corriqueiros, imagino que diários, aonde as vítimas nada podem fazer porque o estado, diga-se, o Estado se coloca contra elas. Mas por que estou falando disso? Casos de estupros no Brasil são “habitualmente” levados a sério (às vezes não, diga-se), e são comuns relatos que os estupradores podem ser mortos dentro dos presídios. Estupro aqui no Brasil, lembrem-se, sempre foi tomado como ato ultrajante, terrível, e mesmo entre os presos, entre eles, se diz que as penas são altas.
Daí, qual o motivo dessa pergunta usando o termo “merece”? Eu não sei, mas fica-se a questão. Política talvez? Alguém lembra que estamos em ano de Eleição Presidencial?
Voltando-se para o resultado, comentei com amigos no Facebook que o Brasil é um dos poucos países do mundo aonde a quantidade de mulheres é maior que de homens. No resto do mundo a média varia entre 105-101 homens para cada 100 mulheres. Aqui é quase o inverso. Então, com simples dedução, comentei: Essa pesquisa teve um número maior de mulheres entre os entrevistados. Acertei com lógica básica.
“Dos que participaram do levantamento, 66,5% eram mulheres; 38,7%, brancos; 65,7%, católicos; 24,7%, evangélicos e 9,6%, pertencentes às demais religiões, ateus e sem religião.” [Trecho do site R7.com]
Mas a questão não que “eu acertei eba!”, a questão é que a maioria das mulheres na pesquisa, votaram que elas merecem ser estupradas quando se vestem “de tal e não de tal modo“. Se eu extrapolar, e eu Vou extrapolar, posso dizer que essa pesquisa segue de “termômetro” para o pensamento habitual dos brasileiros — oras, uma pesquisa desse gênero tem exatamente esse intuito.
Portanto, posso concluir que as Mulheres brasileiras São machistas — o Machismo não é só de machos, mas sim um comportamento e uma maneira de pensar que se acentua e que se apresenta em qualquer gênero. A luta não deve ser contra os machos (vejam só) mas contra a Ideia do Machismo. A ideia do machismo que deve ser extirpada.
A coisa é tão intrigante (diga-se) que as mulheres pensam isso delas. Isso comprava o que um estudo e um ensino abrangente, principalmente pelas lutas do sufrágio universal e das grandes mulheres que lutaram no mundo, fazem falta. As mulheres não sabem da importância delas mesmas na história da civilização e como elas ajudam a manter tal sociedade existindo.
E que se elas não apenas fazem parte, mas também são tão importantes e valiosas, devem ser cuidadas, protegidas como assim se deve — porque um estupro é um crime de macho contra fêmea (raras vezes o contrário).
O que ocorre é que o Importante no Brasil é o ser Macho, o ser Dominante. Mas machos nem sempre dominam (tanto entre casais quanto entre outros animais) e na verdade, o que fez tal ocorrer foi apenas a força física. As mulheres ao contrário, devem se conhecer melhor, falar mais delas mesmas, lutar por elas mesmas, amarem a si mesmas, se valorarem, se protegerem. A luta meus amigos não é mais contra o macho, tampouco contra uma ideia, a luta é contra um Mal Comportamento.
O comportamento de achar que a mulher vale menos que o homem — quando ambos têm importância igual dentro de uma sociedade.
E como se luta contra um mal comportamento? Da mesma maneira que se luta contra o vício do cigarro, da bebida e do que lhe faz mal ao corpo. Com estudo, consciência de si mesmo e tempo — porque toda luta interna é demorada e trabalhosa, mas o resultado é sempre valoroso. Valoroso como vocês mulheres o são. Encontrem a si mesmas, e não ao ‘protótipo de macho que é o dominante’. Se estudem, se avaliem, falem, sejam filosofas, cientistas, escritoras, artistas. Se autodescubram.
Porque não há necessidade de domínio dentro de uma democracia, mas de estudo sobre o que se é, e o que se foi: do valor que pode ser atribuído a cada um de nós (da nossa ancestralidade). Do que se é realmente. Se necessário proteger. Se preciso falar. Se preciso lutar.
Abraços a todos e todas.
Fonte da Notícia: R7.com [Link]