O presidente português de centro-direita Anibal Cavaco Silva foi reeleito no primeiro turno com mais de 53% dos votos, à frente do poeta socialista Manuel Alegre (19%), em eleições marcadas por uma abstenção recorde, segundo resultados oficiais com base em mais de 98% das circunscrições. Segundo estes resultados, publicados pelo Ministério do Interior, o índice de abstenção ficou entre 49% e 54%, o que representa um recorde em uma eleição presidencial desde a democratização do país, há 36 anos.
Em Portugal, o presidente não possui poderes executivos, mas pode dissolver o parlamento e convocar uma eleição geral se perceber que o país está seguindo o rumo incorreto. Durante a campanha, Silva disse que Portugal ainda enfrenta a possibilidade de uma “crise grave”, tanto em termos econômicos quanto políticos, e disse que estaria preparado para agir como instrumento de último recurso numa situação crítica.
Posteriormente, Silva disse possuir “pouco apetite” por uma dissolução do parlamento e afirmou que buscaria a estabilidade de Portugal. Analistas políticos, no entanto, ainda veem essa ameaça como algo concreto.
Poderes
O presidente reeleito só poderá dissolver o parlamento a partir de 9 de março, já que não pode exercer sua autoridade antes desse período por lei. O processo de desmonte e de convocação de uma nova eleição também pode levar vários meses, indicando que qualquer mudança no governo não seria finalizada antes de meados deste ano.
Mesmo que seu partido esteja na oposição, a reeleição de Cavaco Silva para um cargo simbólico dá o impulso necessário ao governo de minoria socialista do primeiro-ministro José Sócrates.
O cargo de presidente é meramente protocolar, mas a vitória do centro-direitista Cavaco Silva pode reforçar as iniciativas do país para evitar um resgate econômico internacional e endurecer as medidas de austeridade fiscal, estratégias que o presidente apoia no combate à crise financeira.