O Papa Bento XVI anunciou nesta segunda-feira que renuncia ao pontificado, o fato acontecerá em 28 de fevereiro. A renúncia – confirmada pelo Vaticano – é a primeira de um papa na era moderna.
O último papa a renunciar voluntariamente foi Celestino 5o, em 1294, depois de liderar a Igreja Católica por apenas cinco meses. Sua renúncia foi conhecida como a “grande recusa” e foi condenada pelo poeta Dante na “Divina Comédia”. Gregório 12o abdicou de forma relutante em 1415 para encerrar uma disputa com outro rival pelo cargo.
O papa alemão, Joseph Ratzinger de 85 anos, assumiu o comando da Igreja Católica em 19 de abril de 2005, após a morte de João Paulo II.
Motivos da renuncia
Nos últimos meses, o papa se mostrava cada vez mais frágil em suas aparições públicas, muitas vezes precisando de ajuda para caminhar.
Lombardi descartou depressão ou incerteza como causas para a renúncia de Bento XVI, dizendo que a decisão não ocorria por nenhuma doença específica, apenas pelo avanço da idade.
A liderança de Bento XVI sobre 1,2 bilhão de católicos foi marcada por uma crise a respeito de abuso sexual de crianças que abalou a igreja, por um discurso que desagradou muçulmanos e por um escândalo envolvendo o vazamento de documentos privados através de seu mordomo pessoal.
Em um comunicado, o papa disse que para governar “tanto a força da mente quanto do corpo é necessária força que nos últimos meses tem se deteriorado em mim ao ponto de ter que reconhecer a minha incapacidade de realizar adequadamente o ministério que foi confiado a mim”.
Carta de renúncia do Papa:
“Caríssimos Irmãos,
Convoquei vos para este Consistório não só por causa das três canonizações, mas também para vos comunicar uma decisão de grande importância para a vida da Igreja. Depois de ter examinado repetidamente a minha consciência diante de Deus, cheguei à certeza de que as minhas forças, devido à idade avançada, já não são idôneas para exercer adequadamente o ministério petrino.
Estou bem consciente de que este ministério, pela sua essência espiritual, deve ser cumprido não só com as obras e com as palavras, mas também e igualmente sofrendo e rezando. Todavia, no mundo de hoje, sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande relevância para a vida da fé, para governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor quer do corpo quer do espírito; vigor este, que, nos últimos meses, foi diminuindo de tal modo em mim que tenho de reconhecer a minha incapacidade para administrar bem o ministério que me foi confiado.
Por isso, bem consciente da gravidade deste ato, com plena liberdade, declaro que renuncio ao ministério de Bispo de Roma, Sucessor de São Pedro, que me foi confiado pela mão dos Cardeais em 19 de Abril de 2005, pelo que, a partir de 28 de Fevereiro de 2013, às 20,00 horas, a sede de Roma, a sede de São Pedro, ficará vacante e deverá ser convocado, por aqueles a quem tal compete, o Conclave para a eleição do novo Sumo Pontífice.
Caríssimos Irmãos, verdadeiramente de coração vos agradeço por todo o amor e a fadiga com que carregastes comigo o peso do meu ministério, e peço perdão por todos os meus defeitos. Agora confiemos a Santa Igreja à solicitude do seu Pastor Supremo, Nosso Senhor Jesus Cristo, e peçamos a Maria, sua Mãe Santíssima, que assista, com a sua bondade materna, os Padres Cardeais na eleição do novo Sumo Pontífice. Pelo que me diz respeito, nomeadamente no futuro, quero servir de todo o coração, com uma vida consagrada à oração, a Santa Igreja de Deus.”
Fonte: Reuters