1 – O Exorcista (1973), de William Friedkin
Todo mundo tem medo deste filme. Mesmo com seus efeitos visuais do início da década de 70, O Exorcista jamais envelheceu. E a maioria ainda lembra que é o filme de terror sobre a menina (Linda Blair) possuída pelo Demônio e o drama de sua mãe (Ellen Burstyn) tentando salvá-la. Desesperada, ela pede ajuda ao Padre Karras (Jason Miller).
Mas tente ver por este lado: O roteiro de William Peter Blatty, baseado em seu livro, é focado em Karras, um homem dividido entre o Céu e a Terra, que resolve ajudar a mãe de uma menina que foi abraçada pelo capeta. O filme é sobre o padre, afinal o título é O Exorcista. Deste ponto de vista, o clássico de William Friedkin (Operação França) é brilhante como cinema e tem um dos melhores roteiros já feitos. Mas você também pode ficar a vontade para ver O Exorcista como o filme da menina possuída, claro. Numa coisa, todos concordam: É o favorito de nove entre dez cinéfilos quando o assunto é terror.
Stephen King odeia esta adaptação de Stanley Kubrick para um de seus livros mais famosos. Mas os cinéfilos idolatram este que é um dos filmes mais assustadores de todos os tempos. Para a garotada que vai ao cinema hoje em dia, O Iluminado pode parecer incompreensível no que diz respeito ao culto de adoração que existe ao seu redor. Kubrick não constriu uma obra carregada de sustos fáceis. O maior de todos os horrores está guardado na mente humana. E quando isso vem à tona, as barreiras entre a loucura e a sanidade se perdem entre machados, corredores vazios de um hotel no meio do nada e, principalmente, os berros ensurdecedores de Shelley Duvall. O pior é que ninguém, além da plateia, pode ouvi-la. Stephen King pode ser um grande escritor, mas não entende nada de cinema.
Pais de primeira viagem não esquecem jamais esta experiência. Mas o que fazer quando algumas pessoas tentam convencê-lo de que seu pequeno herdeiro é ninguém mais, ninguém menos que o filho do Diabo? Por mais que você acredite na verdade, o mais difícil é aceitá-la. Contra a própria vontade, lá no fundo, você sabe que precisa impedir que a criança cumpra o seu destino. E este é o dilema aterrorizante de Gregory Peck, em A Profecia, o melhor filme de Richard Donner, diretor de grandes sucessos como Superman, Os Goonies e a série Máquina Mortífera. O mal representado pelo rostinho inocente de uma criança é uma ideia, no mínimo, abominável. Mas que, graças a Deus, deu certo. Ajuda muito ver o filme com o volume bem alto para curtir os sustos e os arrepios provocados pela trilha do maestro Jerry Goldsmith, que, claro, levou o Oscar.
4- O Bebê de Rosemary (1968), de Roman Polanski
O Bebê de Rosemary deveria ser visto por todo diretor e roteirista antes de filmar ou escrever qualquer exemplar do gênero. Roman Polanski ensina (ou lembra) que o frio na espinha e a sensação de medo vêm do desconhecido. Se você não vê, o medo aumenta. É a voz que vem do fim do corredor e você não sabe de quem é. É o barulho do vento que vem debaixo da porta. São aqueles passos no andar de cima. Medos básicos, que nascem em nosso inconsciente enquanto somos crianças. A platéia não precisa ver, mas sentir.
5- Poltergeist: O Fenômeno (1982), de Tobe Hooper
Lembro que não consegui dormir direito quando assisti ao filme pela primeira vez. Ok, eu era uma criança, então dê um desconto. Mas achei que os espíritos me puxariam para a TV ou que os brinquedos no meu quarto ganhariam vida e me arrastariam para debaixo da cama. Depois de Poltergeist, o cinema nunca mais acertou no quesito casa mal-assombrada. O filme foi dirigido por Tobe Hooper, de O Massacre da Serra Elétrica. Diz a lenda que ele se desentendeu com o produtor Steven Spielberg e perdeu a briga. Muitos alegam que Steven assumiu o controle da produção e ainda acrescentou um final alternativo. em relação ao roteiro original. Mesmo assim, Poltergeist impressionou e marcou época. Numa de suas raras declarações, o grande Stanley Kubrick disse que filmes de terror com espíritos ou assombrações significam otimismo, afinal é a esperança de que há vida após a morte. Steven parece compartilhar dessa idéia.
6- Um Lobisomem Americano em Londres (1981), de John Landis
Existem bons filmes de lobisomem como Grito de Horror e Bala de Prata, mas nenhum deles teve o impacto de Um Lobisomem Americano em Londres. Fazer filmes de terror é uma arte. Imagine então equilibrar terror e comédia sem cair no ridículo e, acima de tudo, manter a proposta de assustar. É o que John Landis fez neste clássico moderno em que dois amigos americanos são atacados por um lobo na Inglaterra. Um deles morre. O outro sobrevive somente para sofrer uma lenta e dolorosa transformação à luz do luar. A cena em que o ator David Naughton vira lobisomem impressiona até hoje. É de deixar o queixo no chão. Trata-se de um trabalho magnífico de Rick Baker, que faturou o merecido Oscar de Melhor Maquiagem. Não há computador que supere este milagre do cinema.
7- A Morte do Demônio (1981), de Sam Raimi
O primeiro (e melhor) filme da trilogia Evil Dead, de Sam Raimi, infelizmente, envelheceu. A geração de hoje, que adora A Bruxa de Blair, deve ter uma série de dificuldades para apreciar este filme de baixíssimo orçamento extremamente criativo em seus movimentos de câmera. Mas para quem veio dos anos 80 (ou antes), Evil Dead permanece tenso, nojento e engraçado. É filme de horror de primeira qualidade com sangue, vísceras e gosma, mesmo com efeitos, maquiagem e outros truques para lá de datados. Evil Dead revelou o diretor Sam Raimi, que ainda faria os filmes do Homem-Aranha e Arraste-me Para o Inferno. De quebra, Evil Dead contou com um certo Joel Coen trabalhando como editor-assistente.
8- A Hora do Espanto (1985), de Tom Holland
O diretor Tom Holland fez A Hora do Espanto e, três anos depois, Brinquedo Assassino (Sim, o primeiro é muito bom), mas logo desapareceu do mapa. Se você tiver notícias dele, por favor, avise este blogueiro. E com todo o respeito a clássicos estrelados por Bela Lugosi, Christopher Lee e dirigidos por Murnau, Herzog e Coppola, A Hora do Espanto é o melhor filme de vampiro já feito. Na onda de Um Lobisomem Americano em Londres e A Morte do Demônio, este filme é mais um ótimo exemplar do “terrir”, uma mistura de terror e comédia. Além disso, A Hora do Espanto é uma criativa homenagem aos filmes de vampiro, mas tem personalidade e originalidade de sobra para ser facilmente reverenciado como uma das melhores produções dos anos 80.
9- A Noite dos Mortos Vivos (1968), de George A. Romero
Com este clássico, o diretor George A. Romero inventou o gênero “filme de zumbi”. Ok, próximo.
10- A Hora do Pesadelo (1984), de Wes Craven
Desde pequenos que sofremos com pesadelos. Mamãe e papai cansaram de nos ensinar que eram apenas sonhos ruins. Agora, imagine se um cara de aparência repugnante com um chapéu feio e fedido, além de uma camisa velha da Portuguesa e uma horripilante luva na mão direita com navalhas no lugar de unhas resolvesse perseguir você em todos os seus pesadelos. Pior: Se ele te mata no sonho, você morre na vida real. É uma ideia claustrofóbica e tenebrosa, não? O diretor Wes Craven soube transformá-la em filme e criou um ícone da cultura pop: Freddy Krueger.
Por @LucianoSRocha