Os estados mais atingidos são Mato Grosso, Tocantins e o Pará.
Nos 13 primeiros dias de agosto, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais registrou o dobro de queimadas no Brasil em relação ao mesmo período do ano passado: 7.093 focos de incêndio contra os 3.465 do ano passado. Os estados mais atingidos são Mato Grosso, Tocantins e o Pará.
Um incêndio no assentamento Nova Bonal, perto de Rio Branco, no Acre, acabou com seis quilômetros quadrados de floresta amazônica primária.
Também há fogo no sul do Pará. Fazendas em Santana do Araguaia foram destruídas. Segundo os bombeiros, os primeiros focos surgiram há 45 dias, mas as equipes só foram alertadas essa semana.
No Parque Nacional das Emas, em Goiás, o fogo já destruiu 250 quilômetros quadrados de Cerrado. Na quinta, foram registrados 50 focos, uma pessoa morreu.
Na região central do Tocantins, um lavrador de 70 anos também morreu em consequência das queimadas. A umidade relativa do ar está em 11%, nível semelhante ao do Deserto do Saara.
Nos últimos dois dias, em todo o país, foram registrados 14 mil focos de incêndio, quase a mesma quantidade dos primeiros sete meses do ano: 19 mil.
“Falta de ar, mal-estar, dor no estômago”, listou uma mulher.
No Parque Estadual de Lajeado, perto de Palmas, o incêndio completou nesta sexta uma semana. A capital foi tomada por uma nuvem de fumaça. A sede de uma propriedade rural perto da reserva também pegou fogo. A família estava viajando.
“Tudo de casa, fora bens pessoais, que é irreparável”, disse a cabeleireira Luciene Soares.
“Eu perdi tudo. A minha roupa e dos meus filhos é a que eu levei na viagem”, contou o lavrador Ernione Soares.
Recomposição em até 200 anos
Para a pesquisadora Ires Paula de Andrade Miranda, do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), a recuperação do cerrado pode demorar de cem a 200 anos se não houver intervenção do Estado e de ONGs (organizações não governamentais). O trabalho de reflorestamento envolve a análise do solo e um levantamento de quais espécies vegetais precisam ser repostas.
Segundo Paula, o cerrado tem condições de se recuperar sozinho, mas corre o risco de perder a diversidade da vegetação e de comprometer a vida dos animais que vivem no Lajeado.
– Nem todas as espécies têm condições de se recuperar sozinhas. Com isso, ao longo dos anos, o bioma pode ficar sem diversidade e provocar impacto na grande variedade de espécies de animais do cerrado. Além disso, alterações na flora causam prejuízos ao clima.
A pesquisadora do Inpa explica que a destruição da camada de proteção natural do solo pode provocar erosão da região e dificultar o processo de reflorestamento. Segundo ela, o Estado pode contar com a ajuda de ONGs e empresas para tentar acelerar a recuperação da área.
Fonte: JN, R7