FAMOSIDADES

É só passar cinco minutos com Miguel Falabella para tirar a conclusão: o cara é plugado no 220 V. O ator e diretor mesmo confessa que tem o temperamento agitado, o que se reflete em seu trabalho. Multifuncional, Falabella não se contentou em apenas atuar ou escrever. Ele quis atuar, escrever, dirigir, produzir, criar, inventar, montar, reciclar…

E nada melhor do que um palco de musical para juntar todas as qualidades do artista. A paixão de Falabella pelos musicais é antiga. Quando novo, por volta de seus oito anos, o garoto era levado por sua avó até a Praça Tiradentes, em São Paulo, para assistir musicais. Falabella ficou encantado com uma cena de Bibi Ferreira em “Alô, Dolly!”, e abriu os olhos para este universo.

AgNews“Sai do musical sendo outra pessoa. Eu não pensei que fosse fazer outra coisa na vida além do teatro. E o musical foi minha primeira onda do teatro. Quando consegui fazer ‘Os Produtores’ fiquei em êxtase”, recordou Falabella, emocionado, em entrevista coletiva, na tarde de segunda-feira (18), em São Paulo.

Após atuar e dirigir “Os Produtores” e “Hairspray”, o astro leva aos palcos da capital paulista “A Gaiola das Loucas”, que estreia dia 23 de outubro no Teatro Bradesco, no Shopping Bourbon, depois de uma temporada bem sucedida no Rio de Janeiro.
O desejo do multifuncional Falabella agora é produzir musicais brasileiros originais. “Já escrevi um original chamado ‘Império’ e agora comprei os direitos de ‘Memórias de um Gigolô’ [minissérie da Rede Globo de 1986] que sempre pensei que daria um bom musical. E agora pretendo fazer essa adaptação para o teatro”, adiantou.

Enquanto a temporada paulistana de “A Gaiola das Loucas” se inicia, o artista se desdobra. Além de seus planos para adaptar “Memórias de um Gigolô”, ele pretende ainda trabalhar como ator em um seriado para o ano que vem, e já escreveu o texto de uma nova novela que contará com a participação de Diogo Vilela no elenco.
“Tive essa ideia bacana para uma novela. É uma comédia que fala sobre intolerância, algo bem diferente mesmo. Eu gosto de fazer coisas doidas e desorganizadas, pena que muitas vezes o público não entende a proposta”, lamentou.
Mesmo com mil coisas acontecendo ao mesmo tempo, é somente nesse ritmo eloquente que Falabella se encontra. “Eu só funciono assim. Eu definitivamente não consigo fazer uma coisa só. Eu me desorganizo. Preciso estar com, pelo menos, cinco coisas para fazer ao mesmo tempo.”

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300 figurinos, 100 perucas, 350 mudanças de luzes, 25 atores e bailarinos, 14 músicos, 120 profissionais atrás das cortinas e inúmeras penas e plumas. É esse pacote que monta “A Gaiola das Loucas”. Tantos números e cuidados foram resultados de um processo rigoroso de Falabella, que além de dar vida a um dos personagens centrais – Georges – dirigiu o espetáculo e adaptou seu formato da Broadway para os palcos brasileiros.

“Não me interessou fazer cópia. Eu queria a qualidade de lá, mas com o molho brasileiro. Tentei fazer isso nas letras principalmente; adaptei as canções com nosso humor brasileiro de um jeito que a obra fosse respeitada”, contou.

“A Gaiola das Loucas” de Falabella foi inspirada no musical de Broadway de 1983, cujo sucesso foi iminente. Daí, surgiram diversas adaptações cinematográficas e outras tantas encenações para o palco. A história se passa em um cabaré – administrado por Georges (Miguel) – de Saint Tropez, na França e que possui como estrela principal de seu elenco a transformista Zazá (em performance hilária e bem produzida de Diogo Vilela).
AgNewsProprietário e vedete mantêm um relacionamento profissional e amoroso de mais de 20 anos. Quando o filho de Georges (Davi Guilherme) – fruto de um relacionamento heterossexual da adolescência – resolve se casar com a filha de um político homofóbico, o casal, então, terá que se esconder sob a farsa de uma família normal, e aí que os problemas começam.

Para viver um casal cheio de intimidades no palco, Miguel e Diogo exercitaram a proximidade cênica que ganharam no seriado “Toma Lá Dá Cá”. “Percebi que o teatro depende muito de uma boa turma. Se ninguém se entende, não há troca. Começamos a nos preparar para o musical durante o seriado. E aquele clima de comédia acabou refletindo no palco também”, complementou Falabella.

O ator detalhou que, por intuição, cada um já sabia que personagem iria interpretar. Miguel, que trabalhou no musical “Os Produtores”, se identificou com o jeito galeantador e popular de Georges, enquanto Diogo – que viveu Cauby Peixoto na peça” Cauby” – achou interessante o humor escrachado e os arquétipos de Zazá. “Na verdade, cada um ficou com esses papéis porque o Miguel não queria usar salto alto”, revidou Diogo em tom de bom humor.

Atuar, cantar e dançar com salto não é mesmo fácil. Perfeccionista, Diogo contou que durante a preparação chegou a ficar dois meses usando sapato feminino para se acostumar com o andar de uma mulher.
“Fiquei preocupado com o trabalho de corpo. Queria que a pessoa lá no fundo do teatro reconhecesse que Zazá era, acima de tudo, uma pessoa. Fico no limite da caricatura, porque o personagem é cheio de arquétipos, por isso senti uma obrigação de humanizá-la”, concluiu.

Fonte: MSN