A demanda por chocolate é muito maior que a quantidade de cacau cultivada no planeta. O mundo por trás das barrinhas deliciosas que compramos na padaria, no supermercado e até na drogaria da esquina está em crise séria.
A começar pela própria planta, que não cresce em qualquer lugar, apenas em regiões quentes que estejam entre os 10 graus de latitude ao norte e ao sul do Equador. Outro problema grande é que, apesar de países como o Brasil e México também plantarem cacau, as três nações que lideram a produção sofrem com guerras-civis e desastres naturais: os africanos Costa do Marfim (líder na produção de cacau, 46% de sua população possui até 14 anos) e Gana (2º maior produtor da fruta, a expectativa de vida é de 56 anos) e a Indonésia (atingido pelo Tsunami de 2004) na Oceania.
Além de problemas externos à plantação de cacau em si, há os agravantes estruturais: o solo nesta região da África está empobrecido e os trabalhadores das fazendas recebem apenas 3 centavos de dólar por cada barra de 60 centavos vendida na Inglaterra. O cultivo de cacau é difícil e não compensa por tão pouco salário: as árvores eventualmente morrem e, para escapar das pragas que mataram as árvores, é preciso mudar-se para outra área de floresta, plantar novos cacaueiros e esperar cinco anos até que frutifiquem. Devastação á vista.
Os filhos dos trabalhadores das fazendas de cacau estão desestimulados a seguir a profissão dos pais – não sem razão – e têm migrado continuamente para as cidades em busca de melhores empregos e condições de vida. Quem fica, acaba por mudar de ramo e cultivar plantas mais rentáveis, como a palma, utilizada para fabricação de biocombustíveis.
Quer mais? O número de apreciadores de chocolate está crescendo, devido à expansão de mercado para países onde tradicionalmente não se consome chocolate: Índia e China – os dois países mais populosos do mundo.
Como lidar com tudo isso e evitar a extinção total do chocolate?
Pesquisadores estão desenvolvendo cacaueiros que consigam crescer em regiões mais frias e iniciativas para aumentar o pagamento dos produtores de cacau também estão feitas, mas ainda de forma tímida.
É possível “salvar” o chocolate, mas isso vai encarecer o seu preço até ele voltar a ser uma iguaria como era na época do descobrimento da América: para poucos, a preço de ouro.
Via [Superinteressante]