A candidata petista à Presidência da República, Dilma Rousseff, abriu, na noite desta segunda-feira, uma série de entrevista com os presidenciáveis no Jornal da Globo, na Rede Globo. Em uma conversa de 20 minutos com os jornalistas Willian Wack e Christiane Pelajo, Dilma defendeu os investimentos feitos pelo governo do presidente Lula, falou sobre um posível governo e criticou as acusações feitas por José Serra durante a campanha.
– Eu tenho sido acusada de estar querendo ganhar a eleição antes da hora. (…) Eu respeito o voto popular e acho que dá azar sentar na cadeira antes, como já ficou visível – disse Dilma, se referindo a uma declaração de Serra, que a acusou de “sentar na cadeira do presidente antes da hora”.
A candidata também falou sobre a relação do governo Lula com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e, pela primeira vez, declarou a posição do governo sobre o assunto.
– Eu jamais hesitei em falar que as Farc têm relação com o tráfico. O governo do presidente Lula acha as Farc ligadas ao crime organizado e ao tráfico de drogas – afirmou a candidata.
Dilma também foi questionada sobre a comparação feita pelo presidente Lula entre os presos políticos de Cuba e criminosos da cidade de São Paulo. A candidata defendeu o presidente e afirmou que ele foi um dos responsáveis pela soltura dos presos cubanos e não cometeu um erro nesse episódio.
– Eu acho que a trajetória de vida e política do presidente Lula não pode permitir que a gente acredite que ele não foi uma pessoa que lutou a vida inteira pelos direitos humanos. O Brasil é responsável pela soltura dos presos políticos cubanos – disse Dilma – Eu tenho uma convicção: a minha vida pessoal teve um momento muito duro. Tenho absoluta solidariedade com presos políticos e sou contra crimes de opinião, crimes políticos ou crimes por pensar, por temer ou por se opor – completou a candidata, quando questionada se concordava com a comparação feita pelo presidente.
Governo e aliados
Parte da entrevista de Dilma foi dedicada a considerações sobre o papel dos aliados em um provável governo. A candidata afirmou que não iria discutir a questão por respeito à população e disse que preferia discutir suas propostas de governo em vez de “discutir algo que não aconteceu”. Dilma também reiterou que não falaria sobre nomes para o seu governo.
– O processo eleitoral tem que levar em conta o interesse da população. Seria pretensão da minha parte discutir qualquer consequência do processo eeitoral sem estar o último voto na urna às 17h do dia 3 de outubro – disse a candidata.
A petista afirmou que para compor um possível governo, levará em conta a competência técnica dos políticos.
– Eu acho que um governo é comporto de políticos que tenham competência técnica. Eu vou prosseguir nesse critério: vou escolher políticos com competência técnica e aqueles do meu partido que tiverem competência técnica ocuparão cargos no meu governo.