As autoridades australianas deixaram o alerta: a crise que se instalou em 22 cidades do Nordeste australiano por causa das inundações está ainda longe de terminar. A chuva não tem dado tréguas no estado de Queensland, onde ontem foi encontrado o corpo da primeira vítima mortal das cheias.
Uma mulher de 41 anos foi arrastada pela força das águas enquanto tentava atravessar de carro um rio localizado a 70 quilómetros da cidade de Burketown. O corpo da vítima, que viajava com um outro adulto e três crianças, foi encontrado pela polícia a dois quilómetros do veículo. Os restantes passageiros, bem como todos os ocupantes de um segundo carro que seguia o mesmo percurso, foram resgatados com vida.
Entretanto, as equipas de salvamento continuam à procura de um pescador de 38 anos que desapareceu no sábado quando o seu barco se virou num rio a sul da cidade de Rockhampton.
O chamado Serviço de Estado de Emergência não tem tido mãos a medir para enfrentar as inundações classificadas pelo responsável das finanças de Queensland como “bíblicas”. Entre as cerca de 200 mil pessoas afectadas pelas cheias, mais de mil tiveram de ser levadas para abrigos temporários após verem as suas casas serem invadidas pela água. De acordo com as autoridades, a área inundada equivale à soma do território da França e da Alemanha.
Um comissário da polícia local anunciou ontem que a região pode continuar a enfrentar cheias “durante um mês” e que a limpeza dos escombros deverá durar vários meses, ascendendo a um custo de milhares de milhões de dólares australianos. “É difícil dizer que o pior já passou. É uma crise sem precedentes. Partes do estado ainda estão a responder, enquanto outras começam a recuperar. Acho que estamos a meio da crise”, indicou o comissário Alistair Dawson, em declarações ao The Australian.
O cenário de catástrofe piorou ontem com a formação de uma tempestade que causou “ventos destrutivos, chuva forte e granizo, provocando uma rápida subida do nível das águas”, anunciou o serviço meteorológico do país.
O sector mineiro, um dos mais importantes para a economia australiana, está a ser severamente afectado, bem como a agricultura, as pequenas empresas e a industria do turismo. O balanço das inundações foi avançado na sexta-feira pela primeira-ministra australiana, Julia Gillard, durante uma visita à região. De acordo com Gillard, as cheias estão a atingir proporções “devastadoras”, mas ainda não atingiram o seu “pico”.
“Serão precisos meses para que as dezenas de minas que foram encerradas voltem a funcionar em pleno”, adiantou um responsável da câmara municipal de Queensland, Michael Roche, ao The Australian. Segundo Roche, a exportação de cerca de mil milhões de dólares australianos (760 milhões de euros) teve de ser suspensa devido aos cortes nas vias ferroviárias da região afectada.
Também a auto-estrada nacional tem estado coberta com meio metro de água e lama.
Rockhampton, uma cidade costeira de 74 mil habitantes, encontra-se agora praticamente isolada, já que todos os acessos se encontram cortados a sul e a Oeste . A entrada na cidade só é possível a Norte, mas as autoridades estão a limitar o acesso a residentes e equipas de socorro.
Enquanto 400 residentes de Rockhampton começavam ontem a abandonar as suas casas e a dirigir-se para abrigos, as autoridades anunciavam que mais de 500 casas deverão ficar inundadas durante esta semana.
A polícia tem apelado à calma, pedindo às pessoas que não tentem enfrentar sozinhas as inundações e relembrando que, durante as cheias de 1991, três pessoas morreram ao tentar deixar as suas casas de barco.
Fonte: Dnglobo