Entre os filmes indicados ao Oscar, ambientalismo e ativismo não estão entre os temas tratados pelo cinema no ano de 2011. Mas a categoria de documentários mostrou que nem todos os cineastas se escondem dos assuntos complexos. “If a Tree Falls”, dirigido por Marshall Curry, é um dos indicados como melhor documentário do ano. Ele fala sobre a Earth Liberation Front (ELF), um coletivo ativo nos anos 90 na Europa e nos Estados Unidos que usava táticas de guerrilha para cessar a destruição do meio ambiente.
O documentário acompanha uma série de prisões de ativistas que ocorreu em 2001, antes dos ataques ao World Trade Center, quando o FBI declarou a ELF como a principal ameaça terrorista doméstica nos Estados Unidos, embora a intenção de seus ataques fosse de causar prejuízo econômico e não medo ou mortes.
Daniel McGowan é um desses ativistas retratado. Segundo o blog Página 22, a produção vai mostrar desde o momento em que ele foi acusado de eco-terrorismo por dois incêndios contra companhias madeireiras no estado de Oregon, até sua prisão um ano depois. Sua pena, que era de prisão perpétua, acabou reduzida para sete anos e termina em 2014.
Os diretores do documentário ouviram Daniel, sua família, e outros ativistas da ELF, assim como os promotores do caso, detetives e vítimas dos incêndios. “É uma história que faz perguntas, não tentamos respondê-las”, ressaltou Curry ao The New York Times. “Como definimos terrorismo? Quando sabotagem ou vandalismo se tornam terrorismo? O que é ativismo, o que é ativismo eficaz, o que é ético?”.
Curry contou que ele enxergou uma relação entre o tema de seu filme e o recente movimento chamado de Occupy Wall Street. “Acho que o filme é um importante alerta para que ativistas pensem cuidadosamente sobre táticas, e um alerta para a polícia pensar sobre suas respostas ao ativismo, porque algumas levam as pessoas para a discussão democrática e outras causam a radicalização”.
Segundo os diretores, eles embarcaram na história de Daniel e da ELF sem uma opinião formada com relação ao personagem e ao assunto, e eles acreditam que o resultado foi justo. “Se o Daniel tivesse se mostrado um monstro louco, o filme teria refletido isso, e se ele tivesse se revelado como um santo completamente inocente, o filme teria refletido isso”, explicou Curry. “Mas, ao contrário, ele, como quase todo mundo que encontramos, e como a maioria dos seres humanos na vida real, mostrou tons de cinza. E foi assim que nós mostramos”, completou.
Assista o trailer:
Fonte: Portal EcoD