As temperaturas globais devem subir 4ºC até meados da década de 2050, caso sejam mantidas as atuais tendências de emissões de gases do efeito estufa, segundo um estudo publicado nesta segunda-feira (28) pelo Centro Hadley do Departamento Meteorológico da Grã-Bretanha.
A previsão é compatível com um relatório da ONU na semana passada, segundo o qual as mudanças climáticas estão superando as piores previsões de 2007 do Painel Intergovernamental sobre a Mudança Climática (IPCC).
“Nossos resultados estão mostrando padrões similares [ao IPCC], mas também mostram a possibilidade de que mudanças mais extremas possam acontecer”, disse Debbie Hemming, coautora da pesquisa divulgada no início de uma conferência sobre a mudança climática na Universidade de Oxford.
Líderes dos principais países emissores de gases do efeito estufa reconheceram em julho a opinião científica de que, para evitar as mudanças climáticas mais perigosas, a temperatura média da Terra não pode ficar mais do que 2ºC acima dos níveis pré-industriais.
O relatório de 2007 do IPCC estimava um aquecimento de 4ºC até o final da década de 2050. O novo estudo confirma que tal aquecimento pode acontecer ainda antes, em meados da década de 2050, e sugere efeitos locais mais extremos.
Um avanço em relação a 2007 foi incluir o provável efeito dos ‘ciclos de carbono’. Por exemplo, se parte da Amazônia morrer por causa de uma seca, isso exporá o solo, liberando mais carbono originalmente presente na matéria orgânica à sombra.
“Isso amplifica a quantidade do dióxido de carbono [o mais comum dos gases do efeito estufa] que entra na atmosfera, e portanto [amplifica também] o aquecimento global. Isso realmente está levando a mais certezas [quanto ao aquecimento]”, disse Hemming.
As conclusões devem ser levadas em conta nas negociações de cerca de 190 países para a adoção de um novo acordo climático global, numa reunião da ONU em dezembro em Copenhague.
O aumento das temperaturas é sempre avaliado em comparação aos níveis pré-industriais. Cientistas dizem que o mundo já se aqueceu 0,7ºC desde então.
Um aumento médio de 4ºC mascara aumentos regionais ainda mais intensos, como por exemplo um aquecimento superior a 15ºC em partes do Ártico, ou de até 10 graus Celsius no oeste e sul da África, segundo o estudo divulgado na segunda-feira.
“É bastante extremo. Não acho que caia a ficha para as pessoas”, disse Hemming. O degelo da calota polar, por exemplo, exporá à luz do sol uma maior superfície de água escura, absorvendo mais radiação e provocando efeitos ainda mais descontrolados sobre o clima global.
Fonte Folha online