O laudo sobre a habilidade de escrita do deputado federal eleito Francisco Everardo Oliveira Silva, o Tiririca (PR-SP), campeão de votos para a Câmara, demonstrou que, aparentemente, a declaração de próprio punho por ele entregue ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) foi escrita por outra pessoa.
No documento, as peritas criminais Gláucia Fabíola Costella Tacla e Morgana Manzi Lopes constataram um “artificialismo gráfico” na construção das frases.
A perícia “observou a presença de punho escritor mais evoluído na formação de determinados trechos de vocábulos”, diz a avaliação. “Tal fato permitiu constatar que o autor dos manuscritos possui uma habilidade gráfica maior do que aquela que ele objetivou registrar ao longo do texto da declaração”.
A declaração foi entregue por Tiririca ao TRE em 28 de julho último. As peritas relatam que os grafismos “não autorizam estabelecer categoricamente a unidade ou a dualidade de origem escritural entre os dois documentos”.
As peritas destacaram vários trechos no texto produzido a pedido da Promotoria. Entre eles, a vogal “O” de Oliveira e a consoante ‘S” de São Paulo, que indicam uma habilidade gráfica maior do que a pessoa que o escreveu tentou demonstrar no documento entregue ao TRE.
Para o promotor Maurício Antonio Ribeiro Lopes – que fez a denúncia, aceita pelo juiz eleitoral Aloísio Sérgio Rezende Silveira -, não há dúvida de que o texto foi feito por outra pessoa. “Existe uma escrita disfarçada na declaração, uma ortografia muito mais forte, muito mais elaborada do que aquele que quis transparecer na redação, uma escrita camuflada”, afirmou. Para ele, o documento tem sérios problemas. “Ainda que ele aprenda a ler e a escrever (nesses dez dias) continuamos com um documento falso, um registro falso”, anotou.
O comediante tem dez dias, a partir de seguna-feira, para se apresentar à Justiça Eleitoral para colher material gráfico em juízo. Seu advogado, Ricardo Porto, afirmou que as denúncias são muito fáceis de serem derrubadas. “Ele não é analfabeto. Vamos comprovar que Tiririca não cometeu crime algum.”
Estado de São Paulo