Sabia que estava fazendo um texto difícil e tortuoso no momento em que redigi Marxismo Cultural x Ocidente?!, sendo que temi mesmo que muitas pessoas não entendessem a minha posição irônica e crítica naquele texto.
Durante a edição flertei a todo momento com o desastre, até por saber que se deixasse o trabalho inacabado, o entendimento do texto poderia ser completamente diferente do que seria o objetivado por mim e por sorte consegui o meu intento.
Na crítica em que o meu colega Felipe rebate minha posição noto que ele passou bem pela primeira parte do desafio, mas notei que ele confundiu a posição caricaturizada por mim com um AD HOMINEM.
Acho que faltou para ele a cognição necessária para entender um texto tão tortuoso, sendo que para mim ao fim acabou sendo uma enorme surpresa a absurda verborragia que denota seu radicalismo e sua miopia quanto a conjuntura política contemporânea.
Ao contrário do que possa parecer, a crítica contida em meu último texto não foi voltada a meu interlocutor e sim uma mostra do perfil de leitor que ele tenderia a atrair com as suas abordagens reacionárias, aparentemente baseadas em leituras de pessoas como Olavo de Carvalho e seus seguidores do Mídia sem Máscara por exemplo.
É bom salientar que tais leituras nem de longe abordam a realidade da esquerda brasileira contemporânea, sendo que as falácias e imprecisões do Olavo são constantemente alvo de chacotas por parte de seus detratores.
Está claro para mim que o nobre colega se confunde, denotando que a eventual influência marxista presente principalmente nos grupos mais a esquerda no cenário político com a grande falácia construida pelos reacionários que atende pelo nome de “Marxismo Cultural”.
Mais comédia ainda é notar seu apelo a autores marxistas sem notar que as colocações feitas se referem aos tempos da Guerra Fria, sendo que a “Revolução Sexual” que teve seu ponto alto no correr dos anos 60 foi conseguido com base justamente nos avanços científicos que possibilitaram um maior controle da natalidade, sendo que qualquer relação de tal revolução com a ideologia tende a ser capciosa.
É sabido que os hippies, contrários a participação americana na “Guerra do Vietnã” tinham uma tendência relativamente tênue de encampar bandeiras a esquerda, mas isso não se reverteu num direcionamento político nessa direção política, sendo que a influência marxista faz-se sentir mais em países-satélites da América Latina do que nos Estados Unidos.
Além disso, tenho notado que meu oponente desconhece as obras escritas por reacionários, seja contra o feminismo, seja contra o ateísmo, os colocando dentro do grande boneco de palha construido justamente para contrapor valores exógenos aos da direita com viés religioso.
Continuo aqui enfatizando que meu interlocutor não notou que seu texto denota um claro desconhecimento das várias divisões da esquerda brasileira, ora adotando a posição sectária de tomar os escritos de Marx como um destino manifesto do socialismo, ora se movimentando em prol de movimentos que pouco ou nada tem a ver com o ideário socialista.
Para mostrar que não estou sendo leviano aqui, informo que passei o texto para um conhecido meu que é militante de esquerda, sendo que ele reafirmou com as mesmas palavras que a pessoa que escreveu tal artigo mostra um profundo desconhecimento da complexa e muitas vezes sectária organização dentro dos partidos de esquerda.
Lamentável que o meu nobre colega aqui seja grandioso na verborragia, mas com uma visão limitadissima no que diz respeito a este aspecto de nossa política.
Ao final, deixo claro que minha afirmação não foi a de que o ideal marxista é um mito no pais e sim que o ideário denominado pelo meu detrator como “Marxismo Cultural” é um notável boneco de palha e que a demagogia feita em cima disso serve apenas para calar a verdade.