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Diamantes de sangue. Naomi Campbell x Mia Farrow.

Corte Penal Internacional ouve atriz na segunda-feira. Advogado vai impugnar testemunho de Farrow
                                    Naomi e Taylor, em jantar promovido na casa de Nelson Mandela


1. Na segunda-feira, 9 de agosto, volta a se reunir, em Haia, a Corte criminal para os genocídios de Serra Leoa, ocorridos no curso da guerra civil (1992-2002) e com 120 mil massacrados.
Só para lembrar, na semana passada a Corte colheu o testemunho da celebre modelo Naomi Campbell, que foi presenteada, na casa de Nelson Mandela, com diamantes enviados pelo sanguinário Charles Taylor, este preso desde 2006 por ordem da Corte.
Taylor, em interrogatório prestado junto à Corte internacional criminal, negou a acusação e frisou que jamais possuiu diamantes.
Na sessão pública de segunda-feira próxima, será ouvida, como testemunha da acusação, a atriz Mia Farrow, ex-convivente do magistral Woody Allen.
A meta da acusação é comprovar que Charles Taylor, ex-ditador da Libéria e que estava no poder quando do fatídico jantar na casa de Mandela, traficava armas e munições para a RUF (Fronte Unido Revolucionário de Serra Leoa) em troca de diamantes.
Mandela ofereceu o jantar para algumas celebridades que tinham comparecido à inauguração do Blue Train, uma versão do Orient Express, a ligar Pretória à Cidade do Cabo.
Dentre as celebridades, estavam Naomi Campbell e Mia Farrow. As duas ficaram hospedadas na casa de Mandela e participaram do jantar oferecido para sete convidados.
2. O tráfico em Serra Leoa foi mostrado no filme Blood Diamond, do diretor Edward Zwick. O protagonista do filme foi Leonardo Di Caprio, no papel de Danny Archer, um mercenário à caça de diamantes.
3. Segundo o advogado de defesa, duas semanas depois de instalado o processo criminal internacional a atriz Mia Farrow informou à Corte que Naomi havia recebido diamantes de presente de Charles Taylor.
Para o advogado defensor de Taylor, o testemunho de Farrow não terá valor, pois maculado de parcialidade.
Sobre o testemunho suspeito de Farrow, o advogado conta que a iniciativa da atriz deveu-se ao fato de a top-model Naomi haver despedido a sua empresária e colaboradora Carole White. Farrow teria tomado as dores de White e feito a falsa denúncia.
4. PANO RÁPIDO. O advogado de Taylor sustenta que, até agora e nos autos processuais, a promotora Hollis, à frente da acusação perante a Corte especial, não conseguiu apresentar provas suficientes que liguem o “eventual presente dado por Taylor a Naomi” ao conflito de Serra Leoa.
Como Naomi não acusou diretamente Taylor, a defesa ganhou pontos. Ela declarou ter sido acordada por dois senhores. Estes, depois de bateram na porta do quarto de hóspede que ocupava na casa de Mandela, entregaram-lhe um “saquinho” com algumas (“duas ou três”) pedras.
Naomi sustentou que os senhores da entrega não revelaram o nome de quem enviava o presente.
Farrow, em entrevista, já afirmou que Naomi, durante todo o jantar, “flertou o tempo todo” com Taylor. Consoante declarou Farrow, a top-model contou-lhe ter recebido um “grande diamante” e sabia que se tratava de presente de Taylor.
Para a Corte, em resposta a uma das perguntas formuladas pela acusação, Naomi falou não ter o hábito de agradecer quando não sabe quem envia-lhe presentes.
Como se percebe, a versão de Naomi, ao omitir Taylor, favorece a defesa desse genocida.
Quando candidato à presidência da Libéria, depois de uma sangrenta guerra civil, Taylor tinha um mote de campanha: “Promovi a destruição do país, mas o reconstruirei”.
As crianças armadas por Taylor durante a guerra civil na Libéria mostravam, sempe durante a campanha presidencial, cartazes com os dizeres: “Matou minha mãe. Matou o meu pai. Votei para ele”.
Wálter Fanganiello Maierovitch